“Vou para a cama e não consigo
adormecer!”, “Passo a noite inteira a acordar”, “ Antes de o despertador tocar,
já eu estou sem dormir há muito tempo”, “Nunca tenho um sono descansado!”, “Sempre
dormi mal! Não há nada a fazer!” “Esta falta de sono está a dar cabo de mim!”
São alguns dos desabafos
exasperados e desesperados de doentes que procuram, apesar de tudo, uma ajuda
especializada da Medicina do Sono para ajudar a resolver os seus problemas
de insónia.
Porém, uma grande parte dos que
sofrem as suas consequências na vida do dia-a-dia, nem sequer sabem que é
possível melhorar a qualidade do seu sono. E, sobretudo, não têm ideia de como
isso é importante para a sua saúde física, para o seu equilíbrio emocional e
para o desempenho das suas tarefas diárias.
Vivemos numa sociedade de 24
horas, com estímulos múltiplos e atractivos, que nos permitem e nos incitam a
vigílias prolongadas. Programas de televisão em contínuo, lojas de
conveniência sempre abertas, aumento do trabalho por turnos, a moda de estilos
de vida noctívaga levam-nos a viver em alerta permanente, como se o dia se
prolongasse na noite, menosprezando o ritmo circadiário que regula a nossa
existência.
Vivemos também uma vida
apressada, em que o tempo parece não chegar para tudo o que temos de fazer ou
queremos fazer... supostamente durante o dia. Como se fosse uma corrida de
última hora para apanhar comboios, às vezes nem sabemos bem para onde, tantos
são os destinos que queremos ou precisamos de alcançar. Não só o dia se
prolonga pela noite dentro, como a invade com a diversidade e intensidade das
vivências diárias – tarefas, pensamentos, emoções, projectos, preocupações ou
problemas – gerando níveis de activação que dificultam a chegada do sono
e perturbam a sua manutenção ao longo da noite.
Não se dorme bem ou se dorme
mal apenas por uma razão. Mas por um conjunto de factores – ambientais,
comportamentais, cognitivos, emocionais – que se constituem obstáculos ao
normal funcionamento do nosso sistema sono-vigília que sabemos (ou não?) ser
involuntário. Somos severos quando nos queixamos que uma má noite
nos vai trazer um mau dia. Mas raramente nos lembramos que um mau dia pode
também ser responsável por uma noite mal dormida.
Subjacentes aos desabafos de
doentes que coloquei no início deste texto, estão muitos outros factores
relacionados com a insónia, que iremos abordar futuramente neste blog.
Por hoje, fica apenas a
mensagem de esperança expressa no título deste texto DORMIR MELHOR É POSSÍVEL.
Por isso, se dorme mal, não se
conforme. E, sobretudo, nunca desista de tentar aprender a dormir melhor.
Helena Rebelo Pinto
Psicóloga, PhD
Lisboa, 31 de Maio de 2013
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