sexta-feira, 31 de maio de 2013

Dormir melhor? É possível!



“Vou para a cama e não consigo adormecer!”, “Passo a noite inteira a acordar”, “ Antes de o despertador tocar, já eu estou sem dormir há muito tempo”, “Nunca tenho um sono descansado!”, “Sempre dormi mal! Não há nada a fazer!” “Esta  falta de sono está a dar cabo de mim!”

São alguns dos desabafos exasperados e desesperados de doentes que procuram, apesar de tudo, uma ajuda especializada da Medicina do Sono para ajudar a resolver os seus problemas de insónia.

Porém, uma grande parte dos que sofrem as suas consequências na vida do dia-a-dia, nem sequer sabem que é possível melhorar a qualidade do seu sono. E, sobretudo, não têm ideia de como isso é importante para a sua saúde física, para o seu equilíbrio emocional e para o desempenho das suas tarefas diárias.

Vivemos numa sociedade de 24 horas, com estímulos múltiplos e atractivos, que nos permitem e nos incitam a vigílias prolongadas. Programas de televisão em contínuo, lojas de conveniência sempre abertas, aumento do trabalho por turnos, a moda de estilos de vida noctívaga levam-nos a viver em alerta permanente, como se o dia se prolongasse na noite, menosprezando o ritmo circadiário que regula a nossa existência.

Vivemos também uma vida apressada, em que o tempo parece não chegar para tudo o que temos de fazer ou queremos fazer... supostamente durante o dia. Como se fosse uma corrida de última hora para apanhar comboios, às vezes nem sabemos bem para onde, tantos são os destinos que queremos ou precisamos de alcançar. Não só o dia se prolonga pela noite dentro, como a invade com a diversidade e intensidade das vivências diárias – tarefas, pensamentos, emoções, projectos, preocupações ou problemas – gerando níveis de activação que dificultam a chegada  do sono e perturbam a sua manutenção ao longo da noite.

Não se dorme bem ou se dorme mal apenas por uma razão. Mas por um conjunto de factores – ambientais, comportamentais, cognitivos, emocionais – que se constituem obstáculos ao normal funcionamento do nosso sistema sono-vigília que sabemos (ou não?) ser involuntário. Somos severos quando nos queixamos que uma má noite  nos vai trazer um mau dia. Mas raramente nos lembramos que um mau dia pode também ser responsável por uma noite mal dormida.

Subjacentes aos desabafos de doentes que coloquei no início deste texto, estão muitos outros factores relacionados com a insónia, que iremos abordar futuramente neste blog.

Por hoje, fica apenas  a mensagem de esperança expressa no título deste texto DORMIR MELHOR É POSSÍVEL.

Por isso, se dorme mal, não se conforme. E, sobretudo, nunca desista de tentar aprender a dormir melhor.

 

Helena Rebelo Pinto

Psicóloga, PhD

Lisboa, 31 de Maio de 2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Narcolepsia, essa desconhecida


O que é?
 
A narcolepsia é uma doença do sono, crónica, auto-imune, que muitas vezes começa na infância e na adolescência.
 
Os sintomas principais são:
 
Sonolência frequente e irresistível durante o dia, com ataques de sono, aliviada por pequenas sestas
 
Cataplexia, ou seja, perdas de força súbitas no corpo todo ou em segmentos específicos, provocadas por emoções ou sustos. Não há desmaio!
 
Alucinações hipnagógicas, ou seja, ver imagens irreais e muitas vezes assustadoras no adormecer
 
Paralisia do sono, ou seja, incapacidade de se mexer no acordar
 
Insónia, ou dificuldades no sono nocturno
 
Excesso de peso
 
 
Que tipos existem?
 
Os principais são a narcolepsia com cataplexia ou sem cataplexia.
 
 
Como é diagnosticada?
 
O diagnóstico é feito pelos sintomas e pela realização de Polissonografia seguida de teste de Latência Múltipla do Sono.
 
Existem outros sinais biológicos:
 
Diminuição de orexina no Líquido Cefalorraquidiano
 
Prevalência aumentadas de subtipos do HLA (HLA DQ B6 01 02)
 
 
Que tratamento?
 
Depende dos sintomas. Tem como objectivo tratar a sonolência, evitar a cataplexia e as alucinações hipnagógicas e a insónia. Implica estimulantes da vigília e fármacos hipnóticos.
 
Não confundir com preguiça!
 
Não confundir com epilepsia!
 
Não confundir com outras doenças do sono!
Não confundir com privação crónica de sono (dormir pouco)!
 
É uma doença rara mas séria! Há que tratar!
 
Se adormece em todo o lado, trate-se!
 
 
Professora Teresa Paiva,
Lisboa 10 de Maio de 2013

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Esqueça o chazinho à noite


- Para descansar melhor, bebo um chazinho, que dizem ser bom para o sono.

- Eu antes de ir dormir, bebo um leitinho quente com duas bolachas.

- Eu bebo muita água durante o dia, mais de 2 litros, principalmente depois do lanche e do jantar.

- Para mim, o que é bom é o chocolate quente, bem morninho para aconchegar o estômago.

- Para tomar os remédios, bebo uma grande caneca de água.

- Pois eu bebo é de noite, tenho uma garrafa na mesa-de-cabeceira e vou bebendo quando acordo.

A verdade é que tudo isto são coisas a não fazer, principalmente para as pessoas mais velhas. Porquê?

Porque o excesso de líquidos ao fim do dia, depois do lanche e do jantar vai aumentar a necessidade de ir urinar de noite.

O acordar para urinar tem dois grandes problemas nas pessoas mais velhas:

- A maior dificuldade em readormecer. A capacidade de readormecer facilmente vai-se perdendo com a idade. Consequência: fica-se mais tempo acordado, o que pode determinar insónia ou encurtamento do sono.

- O levantar a meio da noite para urinar tem grandes riscos nos idosos. Porquê? Porque podem cair, e as fracturas em idades avançadas são particularmente perigosas. O que fazer? Se tiver vontade de urinar a meio da noite, acenda a luz e tente não ir sentindo-se confuso. Retire tapetes escorregadios e quaisquer empecilhos ou obstáculos entre o quarto e a casa de banho, e SOBRETUDO, evite os líquidos após o jantar ou o lanche, reduzindo-os ao mínimo possível. Lembre-se de que o risco de queda é maior para os tomam remédios para dormir.

A não esquecer: A partir de certa idade, evite líquidos ao fim do dia para não urinar de noite.



Professora Teresa Paiva

Lisboa, 3 de Maio 2013